domingo, 1 de agosto de 2021

A mesma mão que planta, colhe

                Se a mesma mão que planta colhe, se ela semear as dádivas que a natureza idealizou para o gáudio dos viventes assim como seu prazer em experimentar o que frutos tão diversos provocam em seus instintos básicos, então a permanência da criatividade com sua alta voltagem de elementos prontos para atuarem, faz dessa mão a potencia que mantém o universo girando. Mas, a mão que obedece a interesses é a mesma que fustiga o corpo do mundo, gerando os apagamentos de memórias, dos gestos com significâncias que estruturam o giro do mundo, o corpo físico se exaure e a lei do eterno retorno recomeça um caminho acidentado, crivado das perplexidades que os desconfortos provocam. Mas o ser humano necessita do tempo, sempre, ganhando do ar, das nuvens, da chuva, da terra, do sol, inspiração para retroceder e criar novas trajetórias, na esperança de florescer a saciedade abundante de terras bem regadas, respeitadas nas suas possibilidades de explosões das benesses que, como já disse, mantém o giro do planeta. 

               Mas estas são elocubrações mentais de uma personagem ansiosa por assistir a virada do jogo.  Comemos os interesses não o que precisamos; respiramos o ar da desfaçatez dos que engordam a dor da terra enxovalhada, coberta por corrosivos que retiram a sapiência que nos protege.  As imitações não nascem das mãos que plantam, mas acreditamos que sim e pagamos o preço. Aliás muito alto, pois a compreensão do processo só existe em pequeníssima escala.