O elaborado projeto do corpo

            O organismo é, sem dúvidas, um projeto muito bem elaborado, desenhado com traços em malabarismos concentrados, firmes nas intenções e imbatível nos resultados. Fervilhante movimentação a construir momentos, horas, vidas. No arcabouço, onde as informações se entrelaçam em fios invisíveis, os ossos, posto avançado de  tudo que se passou  e passa, do que se repassa vibrando com vôos de leva e trás. O mundo é um lugar muito complexo, todas as cores exitem nada é em branco e preto para sempre, os gritos e sussurros podem ser agudos ou graves, os olhos penetrantes ou vazios. Tudo nasce do frenesi de eloquencias multicores deslumbrantes prazer de fazer e ver acontecer. A vida sustentada nos ossos.
            Tudo o que ingerimos, liquido ou sólido, é identificado e quando sofremos muitas faltas e perdas, os ossos sinalizam sofrendo alterações na estrutura e nos paradigmas, podendo mudar o curso de civilizações. O que comemos diz muito sobre nós, conta a história de nossa evolução como criatura viva produtiva, curiosa e capaz de agir "mexendo" o ambiente em favor da vida.
             Cardápios, nascidos passo a passo do que o ambiente oferece e a imaginação produz, serve, no jogo social, na escolha econômica de quem come e de quem passa fome. Alimentos sempre serviram como massa de manobra, engendrando localmente enfermidades e devastação. O passar do tempo trouxe consigo respostas: se as informações são passadas através dos ossos, a reciprocidade, o mundo cíclico, espalhou na atmosfera as morbosidades comuns à humanidade, e todas passam pelos ossos e músculos. Sofrimentos dolorosos e inúmeros tem início: abstenção de nutrientes geram nanismo, raquitismo, problemas mentais e nervosos, inflamações recidivas, desenvolvimento fetal defeituoso etc. O exagero (não confundir com abundância de ofertas), por sua vez faz nascer inflamações que corroem tecidos, adiposidade que sufocam células, depressão nervosas, alterações renais e, por fim, destruição paulatina do canal de transmissão. Os ossos ganham um status a mais: transmissor de sofrimentos, que começam em si mesmos e ganham mais coisas, nomes: artrose, artrite, osteoporose, osteomelite etc.
                 Quando o alimento é inadequado, os ossos e músculos sofrem, além de perdas, as retenções que os destroem, desfazendo o arcabouço de interação com o todo, o mundo que nos cobre. Na próxima postagem, teremos receitas e poções, todas em consonância com a saúde de nosso esqueleto, ou saúde global.

Será que conseguimos relacionar o alimento ingerido com a saúde ou disfunções?

          Quantas pessoas conseguem imaginar os alimentos ingeridos transformando-se em sangue, ossos, cartilagens, células etc? Ou quantas conseguem pensar que o que ingerimos pode ser o pesadelo da dor, de incômodos sem fim? A intolerância a alguns alimentos é um fato presente na vida de milhões de pessoas, mas a imprudência, a gula ou simplesmente a falta de opções, tem seu peso no cotidiano alimentar de todo ser humano. Em épocas de escassez o que interessa é cessar a angústia da fome, e a abundancia nos mergulha no frenesi da criatividade, sempre sem critérios - com algumas exceções -, raras por uma razão: a criatividade tem que estar acompanhada de conhecimentos específicos. E fomes endêmicas são geradas por alterações climáticas (furacões, secas, tempestades) ou manipulações politicas e do mercado financeiro, que decidem a fome ou a fartura, jogam com conceitos, decisórios quando se trata de manipular o "bicho" que carregamos pelos caminhos da vida. Então, alimentos são sempre "carimbados": a população que necessita recebe as sobras, o que já venceu, que mata a fome e a saúde de uma só tacada. Mas a abundancia não se faz acompanhar da ponderação, ela também mata a fome e a saúde de um golpe só.
            Vejamos: o excesso de proteína, principalmente a mistura da animal com a vegetal, causa variadas disfunções, e uma delas, de origem óssea, é, infelizmente, muito comum e dolorosa: artrite. Quando o consumo de proteína excede a necessidade do organismo, a digestão alterada concentra as sobras proteicas nas articulações provocando inflamações doloridissimas, combatidas com medicamentos e não com mudanças no padrão alimentar. E ai eu volto ao começo do texto: o alimento é manipulável porque a fome não faz perguntas, só a saciedade nos dá a chance de refletir.
            Desenvolvi, para nosso prazer gustativo, duas receitas e um xarope que ajuda no combate à artrite se prestarmos atenção ao nosso estilo de vida,em particular ao padrão alimentar.
             PURÊ DE MILHO VERDE COM ABÓBORA E LEITE DE GERGELIM: ingredientes, para quatro pessoas: quatro espigas de milho; uma colherinha de noz moscada ralada, um tomate pequeno, bem maduro e vermelho; quatro rodelas de alho-poró e uma colher de sopa de salsinha picada. Para o leite de gergelim: uma caneca de água e 3 colheres de sopa de semente de gergelim. Quatro ou cinco pedaços de abóbora bem madura. COMO FAZER: bata no liquidificador com meia caneca de água, os grãos de milho retirados do sabugo, levando ao fogo com o tomate, a noz moscada e as quqtro rodelas de alho-poró; leve ao fogo baixo mexendo sempre. Quando sentir que está quase cozido o purê, acrescente os pedaços de abóbora bem picadinhos e o leite de gergelim, mexendo sempre e com fogo baixo. Quando a abóbora se dissolver e o fundo da panela aparecer, acrescente sal a gosto e uma colher de sopa de azeite, de oliva ou de coco. COMO FAZER O LEITE DE GERGELIM: lave as sementes de gergelim, sapeque um pouco na frigideira e bata no liquidificador com a caneca de água.
             PANQUECA DE FARINHA INTEGRAL E RESÍDUO DO LEITE DE GERGELIM: quando fizer o leite de gergelim, coe e reserve o resíduo. ingredientes para a panqueca, para quatro pessoas: duas xícaras de ãgua e duas xícaras de farinha de trigo integral misturada com um pouco de farinha de trigo branca sem fermento, mais o residuo do leite de gergelim amassado com quatro azeitonas pretas; quando fizer a massa acrescentar o resíduo amassado com a azeitona e misturar muito bem. Quando fizer as panquecas, os melhores recheios são de couve flor ou abobrinha.
            XAROPE PARA ARTRITE: em um recipiente de louça ou vidro, coloque os seguintes ingredientes: uma colher de sopa de casca de aroeira, mais uma colher de sopa de erva de bicho, mais quatro rodelas de inhaminho, mais um alho pequeno cortado em rodelas, mais seis colheres de sopa de melaço de cana. Misture tudo e deixe descansando por seis horas. Após esse tempo, tome uma colher de sopa meia hora antes do almoço. BOM APETITE E BOA SAÚDE!!!